Ministério da Cultura e Funarte repudiam ação; prefeitura mantém prazo de despejo até quinta-feira (21)
Na tarde desta terça-feira (19), agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) realizaram uma ação de reintegração de posse no Teatro de Contêiner Mungunzá, localizado na região central de São Paulo. A operação, marcada por tumulto, incluiu o uso de spray de pimenta contra artistas e integrantes da ONG Tem Sentimento que utilizavam um prédio anexo como depósito de equipamentos e materiais do espaço cultural.
O teatro, fundado em 2016 e erguido a partir de 11 contêineres metálicos, tornou-se referência por sua arquitetura e por sediar mais de quatro mil atividades artísticas ao longo de nove anos. Instalado em um terreno municipal na Rua dos Gusmões, o espaço é mantido pela Cia Mungunzá de Teatro e abriga programações de teatro, dança e música. Desde maio de 2024, a prefeitura move processo para desocupação da área, justificando que o local integra projeto habitacional e de revitalização urbana.
A companhia afirma que ainda havia prazo de negociação e que havia solicitado, com apoio do Ministério da Cultura, mais 120 a 180 dias para organizar a transferência. “O pedido foi protocolado nesta terça-feira ao meio-dia e, quatro horas depois, já recebemos a negativa oficial e a presença da GCM”, relatou Leo Akio, cofundador da Cia Mungunzá. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram agentes derrubando barreiras e retirando artistas com violência, o que motivou protestos espontâneos de apoiadores em frente ao espaço.
O Ministério da Cultura e a Funarte divulgaram nota de repúdio à ação, afirmando que o prazo dado pela prefeitura é “inexequível” para garantir a preservação do equipamento cultural e dos bens nele instalados. Já a gestão municipal argumenta que notificou os coletivos em 2024, oferecendo dois terrenos alternativos e apoio financeiro, e que a desocupação é necessária para viabilizar a construção de moradias populares.
O futuro do Teatro de Contêiner permanece incerto. Enquanto a prefeitura mantém a ordem de despejo até esta quinta-feira (21), artistas e apoiadores organizam atos de resistência no local, reivindicando a permanência do espaço que se consolidou como um dos polos culturais mais relevantes da cidade.
Foto 1: Luca Meola/Craco Resiste
Foto 2: Divulgação