Após demolir outros espaços culturais, gestão Nunes pressiona companhia a deixar área na Luz
A Prefeitura de São Paulo determinou que até o dia 21 de agosto a Companhia Mungunzá de Teatro desocupe o Teatro de Contêiner, na região da Luz. O espaço, inaugurado em 2017 e também ocupado pelo coletivo Tem Sentimento, deverá dar lugar a um projeto habitacional. Caso o prazo não seja cumprido, a gestão municipal afirma que tomará medidas coercitivas para retomada da área.
O grupo, reconhecido com prêmios como Shell e APCA, argumenta que as alternativas apresentadas pela prefeitura não preservam a concepção arquitetônica do equipamento, formado por 15 contêineres marítimos e já destacado internacionalmente no International Theatre Engineering & Architecture Conference (ITEAC), em Londres, em 2023. Lideranças culturais e a própria ministra da Cultura, Margareth Menezes, pediram a prorrogação do prazo para mitigar o impacto do despejo.
Vale ressaltar que, em fevereiro de 2025, a mesma gestão já havia demolido o Teatro Ventoforte e a Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul, ambos no Parque do Povo, em São Paulo. A derrubada, polêmica, ocorreu mesmo com o Ventoforte tombado pelo Condephaat, gerando forte reação de artistas e movimentos culturais.
O caso não é isolado e encontra paralelo em Fortaleza. A capital cearense também sofreu com o fechamento de espaços como o Teatro Sesc Emiliano Queiroz e o Café Teatro das Marias, que encerraram suas atividades nos últimos anos. O Teatro da Boca Rica, por sua vez, retomou as ações em outro local, mas apenas como espaço de formação, sem a mesma estrutura física que marcou sua história.
Ao longo de sua trajetória, o Teatro de Contêiner recebeu companhias de diferentes estados. Em 2019, o Grupo Pavilhão da Magnólia, apresentou o espetáculo Baldio em curta temporada, e em 2020 a Cia. Inquieta levou Pra Frente o Pior dentro da 7ª Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MIT-SP). Essas circulações reforçaram a função do espaço como ponto de encontro entre diferentes linguagens e territórios. A ameaça de despejo reacende o debate sobre a preservação de espaços culturais e a fragilidade de políticas públicas voltadas para a manutenção de equipamentos artísticos no Brasil.
Foto: Facebook/Pavilhaodamagnolia
Atualização: Por volta das 17h30 da terça-feira, 19 de agosto de 2025, a Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo invadiu o Teatro de Contêiner com violência e tentou desocupar o espaço, retirando os artistas presentes. Breve mais notícias.