Espetáculo propõe travessia poética pela cidade a partir do corpo da mulher transeunte; sessões ocorrem no CCBJ e no Teatro Dragão do Mar
O que pode a cidade no corpo de uma mulher que caminha por ela? É com essa pergunta pulsante que a artista cearense Paty Lopes estreia o solo de dança “Zonza”, com apresentações gratuitas nos dias 18 e 20 de julho, no Centro Cultural Grande Bom Jardim (CCBJ) e no Teatro Dragão do Mar, respectivamente. O espetáculo tem duração média de 50 minutos e classificação indicativa de 12 anos.
A obra, contemplada pelo 13º Edital Ceará das Artes, da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, parte da caminhada como experiência estética e política. Ao assumir a flanagem como poética e o corpo feminino como mapa sensível da cidade, “Zonza” se inscreve como um gesto de escuta e resistência aos atravessamentos cotidianos enfrentados pelas mulheres, sobretudo nos espaços urbanos periféricos.
A história de uma transeunte atravessa quantos mapas? Não seria o corpo um mapa afetivo da cidade?
O título do espetáculo vem da palavra italiana “zonza” — expressão que remete à ideia de andar sem rumo, ou estar “meio zonza”. A partir disso, Paty constrói uma coreografia que costura geografias afetivas, bairros, ruas e decisões. “É uma narrativa que liga uma casa e outra, uma rua e outra, que pontua e costura, com uma linha fina, o fim de um território e o começo de outro... Isto é dança”, afirma a artista.
O solo também se propõe como uma afirmação de corpos dissidentes e de outras formas de existência na arte. A proposta contempla acessibilidade para pessoas surdas, reafirmando o compromisso com a inclusão e a ampliação de públicos.
Corpo, cidade e palavra
Patrícia Lopes é graduada em Dança pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com formações complementares em Educação para o Patrimônio (Fundação Demócrito Rocha) e Paisagem Sonora (Universidad de Chile). Desde 2017, desenvolve pesquisa sobre a caminhada como fruição e suas relações com a cidade. Professora de Arte na rede básica, também atua em cursos e oficinas que integram corpo, palavra e território. Atualmente integra a coordenação da Escola Pública de Dança da Vila das Artes.
Com direção de Fellipe Resende, dramaturgia de Thereza Rocha e produção de Priscila Smiths, o espetáculo reúne uma equipe diversa, com nomes como Day Soufer (preparação corporal), Ruth Aragão (figurino), Walter Façanha (iluminação) e Clau Anis (sonoplastia).
Serviço:
Espetáculo de dança “Zonza” – com Paty Lopes
18 de julho (sexta-feira), às 19h – CCBJ (Centro Cultural Grande Bom Jardim)
20 de julho (domingo), às 19h30 – Teatro Dragão do Mar
Gratuito
Duração: 50 minutos
Classificação: 12 anos
Acessível para pessoas surdas
Créditos das fotos: Doug Sousa